quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Contos gauchescos

No RS, prefeitura proíbe consumo de chimarrão durante o trabalho

Segundo prefeitura, consumo da bebida atrapalhava atendimento.
População enviou reclamações à ouvidoria dos órgãos públicos.
Do G1, em São Paulo
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Cuias vazias na prefeitura de Lajeado (Foto: Caco Konzen/Zero Hora/Agência RBS)

A prefeita de Lajeado (RS), Carmem Regina Cardoso, proibiu os servidores públicos do município de tomarem chimarrão durante o trabalho. A ordem de serviço entrou em vigor na sexta-feira (2).
 
Segundo a secretária de Administração, Eliana Ahlert, a medida atende a um pedido da população. Ela disse ao G1 que a prefeitura recebeu, por meio da ouvidoria dos órgãos públicos, reclamações de que o consumo do chimarrão pelos funcionários estaria atrapalhando o atendimento aos cidadãos. 
 

“O chimarrão, ao ser consumido, passa de mão em mão e mesmo que os servidores, durante o consumo, estivessem reunidos discutindo trabalho, aos olhos da comunidade isso parece abuso dos recursos públicos”, afirmou ela.

Ela ressalta que a prefeitura é tradicionalista e respeita os símbolos da cultura gaúcha mas, durante o expediente, a preocupação é oferecer um “atendimento ágil e de qualidade”.

Para Ivane Balico, auxiliar de administração, que tinha o hábito de tomar chimarrão na parte da manhã, a proibição decepcionou. “Tudo que é proibido acaba incomodando, mas foi uma ordem dada e tem que ser acatada. Eu vou continuar tomando o chimarrão, mas em casa, depois que sair do trabalho”, disse.

Entretanto, segundo Ivane, a ordem se justifica. “Em alguns setores, isso realmente atrapalhava, porque o pessoal parava para conversar. Além disso, às vezes alguém acabava derramando chimarrão nos equipamentos e corria o risco de estragar algum deles.”

De acordo com Eliana, a medida faz parte das metas do Programa Gaúcho de Qualidade, existente desde 1997 e que estabelece parâmetros para o atendimento nas repartições públicas de Lajeado.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Porongo

Usado para fazer cuias, porongo é transformado em obra de arte no RS

Utilização do porongo no artesanato gera renda para produtores no RS.
Peças podem ser usadas como porta trecos, enfeite e peso para porta.

Do G1 RS
A utilização do porongo para criar peças artesanais é típica do Rio Grande do Sul. Além do cultivo, a venda das peças gera renda para as famílias, e as possibilidades de utilização do fruto são diversas, como mostra a reportagem do Campo e Lavoura, da RBS TV (veja no vídeo ao lado).
Elemento tradicional da cultura gaúcha, a cuia para tomar chimarrão já é feita de outros materiais, como madeira, porcelana e até alumínio, mas nenhum deles é capaz de competir com o porongo. As cuias podem ser feitas com o porongo com espessura maior ou menor. A caraterística depende da espécie do fruto e da região onde é cultivado.
Apesar de pouco expressivo, o cultivo do porongo na Região Noroeste do estado é diversificado. O fruto precisa ficar longe de geadas e temperaturas baixas. Por isso, ele costuma ser plantado no fim do inverno. "A preferência do cultivo do porongo sempre é em regiões de solo mais pedregoso, com melhor drenagem e onde ele consegue se estruturar", explica o engenheiro agrônomo Edevin Bernich.
Elinir Maria Didone cultiva o porongo há três anos e, na última safra, colheu mais de 1,5 mil unidades de diversas espécies. Nas mãos da artesã, porém, a matéria-prima não combina com a erva-mate e água quente: ela decora o porongo e o transforma em arte.

Depois de limpo, o porongo fica pronto para ser transformado em uma peça artesanal. Para isso, é preciso muita habilidade para que as técnicas sejam aplicadas com perfeição.
"É um artesanato diferente. As pessoas sempre procuram novidade. É algo que nós podemos produzir na nossa propriedade e trabalhar depois", diz Elinir, que tem nas peças uma alternativa de renda.
Além de cevar um amargo, a planta nativa serve também para peso de porta, porta trecos e peças ornamentais. Na propriedade de Elinir, até a paisagem ganha detalhes feitos de porongos e os passarinhos, um local para se abrigar.

Cidade de Vicente Dutra

Vicente Dutra


Seca dizima a safra de porongos


Falta de chuvas comprometeu desenvolvimento das plantas, e frutos não completaram o ciclo<br /><b>Crédito: </b> SIDNEI LUZA / ESPECIAL / cp
Falta de chuvas comprometeu desenvolvimento das plantas, e frutos não completaram o ciclo
Crédito: SIDNEI LUZA / ESPECIAL / cp
Cadeia de produção de cuias envolve 520 das 1,1 mil famílias de agricultores do município, pequenas empresas e artesãos

As lavouras de porongos de Vicente Dutra, na Região do Médio Uruguai, foram afetadas drasticamente pela seca, que se prolonga por dois meses. Segundo dados da administração municipal, a previsão era colher 2,5 milhões de cabaças nos 300 hectares plantados, mas a perda deve chegar a 90%, devido à falta de umidade no período de formação do fruto, que depois de maduro é transformado em cuias e peças de artesanato. Segundo o prefeito Osmar José da Silva, esse segmento é uma das principais atividades econômicas do município, ao lado da agricultura e do turismo. "Se levarmos em conta toda a cadeia, envolvendo a produção de porongos e a fabricação de cuias e peças de artesanato, o prejuízo deve superar R$ 13 milhões", afirma ele.

Vicente Dutra é conhecida como a Capital Nacional da Cuia. Em períodos normais, 3 milhões de unidades são confeccionadas anualmente. Das 1,1 mil famílias de agricultores do município, 520 produzem porongos que abastecem a rede de fabricação do utensílio para chimarrão. A atividade envolve empresas pequenas, empreendimentos familiares e artesãos.

O produtor Marco Antônio Rodrigues diz que a falta de chuva comprometeu o desenvolvimento da planta e, com isso, os porongos não completaram o ciclo. "Eles ficaram murchos, perderam o formato e não podem ser aproveitados", lamenta. Rodrigues adianta que vai faltar matéria-prima para confeccionar as cuias, que são comercializadas no Rio Grande do Sul e em outros estados e países.

O prefeito afirma que haverá queda no valor do ICMS arrecadado em função dos danos causados pela seca. "A comercialização da cuias e outros produtos a partir dos porongos se refletirá numa menor arrecadação. O setor ajuda na formação do Valor Adicionado do município", afirma. A cidade também é conhecida pela fonte de água mineral localizada no Centro.
 
Fonte: CP

terça-feira, 22 de outubro de 2013

ERVA MATE

O início de uma tradição

O hábito de consumir erva-mate é uma herança indígena. No século 17, o costume foi adotado pelos colonizadores espanhóis e portugueses
Pollianna Milan e Leandro dos Santos
Foi por um erro de percurso que a erva-mate ganhou o nome científico, em 1820, de Ilex paraguariensis, dado pelo botânico francês August de Saint-Hilaire. Ele teve contato com a árvore primeiramente no Paraguai, mas depois se retratou em um livro, hoje guardado em uma biblioteca de Paris. O naturalista reconheceu que seria mais adequado tê-la chamado de Ilex brasiliensis. Pois descobriu, posteriormente, que era no Brasil, em grande parte no território hoje do Paraná, que a erva-mate era nativa em maior quantidade e melhor qualidade.... Continue lendo

A lenda

Os índios Guaranis construíam aldeias, nas quais ficavam em média quatro anos. Depois migravam para outro lugar. Um velho guerreiro, sem forças para acompanhar a tribo nas constantes mudanças, decidiu ficar vivendo sozinho em uma tapera na mata. Yari, sua filha mais nova, para ficar junto do pai, abriu mão de continuar na tribo e constituir família.



Um dia apareceu na velha tapera um pajé que buscava um lugar para descansar. Como foi muito bem recebido, o pajé, que na verdade era enviado do deus Tupã, concedeu um desejo ao pai. O ancião pediu que ele pudesse voltar a ter forças para que não mais atrapalhasse a vida de Yari.
O pajé deu ao velho uma planta de folhas muito verdes. As folhas deveriam ser secadas ao fogo e trituradas para fazer uma infusão energizante.
Yari, por ter abandonado seu futuro para cuidar do velho pai, ganhou a imortalidade. Ela foi transformada em uma frondosa árvore de erva-mate (caá-yari) que, depois de cortada, volta a brotar e a florir com o mesmo vigor. Assim, se tornou a deusa dos ervais.
Ilustrações: Felipe Mayerle.
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A planta

ILEX PARAGUARIENSIS” é o nome científico da erva-mate, usada pelos índios Guaranis antes da chegada dos europeus. Muitos ervais nativos ficavam próximos da mata de araucárias, a outra planta do brasão do Paraná.
Ilustração planta da erva-mate (ILEX PARAGUARIENSIS) mostrando a flor e o fruto

A árvore

O clima subtropical é o mais adequado para o desenvolvi-mento da planta, cuja árvore pode atingir de 7 a 15 metros de altura. O que favorece:
Clima
  • chuvas regulares e bem distribuídas durante o ano
  • temperatura média de 15° a 21°C
  • geadas
Solo
  • boa profundidade (mais de 1 metro)
  • boa permeabilidade
  • boa fertilidade natural

O Local

Mapa da região sul do Brasil, mostrando área ocupadas por indígenas, erva mate e missões jesuíticas
Ilustração de August de Saint-Hilaire, botânico francês
Saint-Hilaire

Classificação

O botânico francês August de Saint-Hilaire foi o primeiro a classificar a planta, em 1820. Ele teve contato com a árvore no Paraguai e depois observou os ervais nativos da Fazenda Borda do Campo nos arredores de Curitiba. No passado, a fazenda pertenceu aos padres jesuítas.
A árvore da congonha ou árvore do mate (llex paraguariensis, August de Saint-Hilaire), é uma árvore medíocre, ramosa no alto, muito folhuda, mas cuja forma nada apresenta de característico. As folhas verdes da árvore do mate são inodoras, de sabor herbáceo e um pouco amargo; mas preparadas, desprendem suave perfume que se assemelha mais ou menos ao do chá suíço. Ao tempo de minha viagem, bene... Continue lendoficiava-se o mate nos arredores de Curitiba, com muito menos cuidado que no Paraguai; mas começava a ser conhecido dos curitibanos o método empregado pelos paraguaios. O capitão-mor do distrito tinha até a intenção de forçar os seus administrados a adotá-lo, visto que o mate preparado dessa maneira alcançava em Buenos Aires e Montevidéu preço mais alto que o preparado pelo método antigo . Quando passei pela Borda do Campo, meu hospedeiro tinha em sua propriedade um paraguaio que havia deixado seu país por causa da guerra, e preparava o mate à maneira hispano-americana, em meio das matas da fazenda. (…) A antiga maneira de beneficiar o mate, nos arredores de Curitiba, diferia da do Paraguai, sob muitos aspectos. Não se levava em conta a época do ano em que se cortavam os ramos da erva-mate. Para sapecá-los (verbo usado em Curitiba e no Paraguai), não se fazia uma fogueira de lenha verde, mas empregava-se, de preferência, os nós provenientes do pinheiro apodrecido. Não se armavam barbaquás, mas somente jiraus de um metro de altura, mais ou menos, sobre os quais se colocavam as folhas de mate. Enfim, não utilizavam a madeira dos ramúsculos, a qual, segundo os hispano-americanos, dá melhor sabor à bebida.
— August de Saint-Hilaire, em Viagem à comarca de Curitiba (1820)

Benefícios da erva-mate

É comprovado cientificamente que a erva-mate apresenta alguns benefícios à saúde. Ela é:
  • estimulante. Atua beneficamente sobre o tecido nervoso e muscular;
  • diurética, útil nas moléstias da bexiga;
  • estomática, facilitando a digestão;
  • sudorífica, auxiliando na cura de constipações;
  • um auxílio para amenizar a fadiga cerebral e depressões, pois contém cafeína;
*O consumo da erva-mate ajuda o organismo a conservar energia e poupar gastos do organismo.
Fonte: Jorge Mazuchowski, engenheiro agrônomo da Emater-PR

Valor alimentício da erva-mate

O que há em 100 gramas da erva-mate:
ComposiçãoValor mínimoValor máximo
Proteínas8,30 g13,45 g
Carboidratos9,70 g14,18 g
Amido2,56 g6,63 g
Glicose1,30 g6,14 g
Fibras14,96 g19,95 g
Observação: o valor mínimo e o máximo dependem da idade de quem a consome e da qualidade da erva.



Extra

Tradição indígena torna-se produto de exportação

Para os índios o ato de tomar chimarrão vai além de ser um mero costume, relaciona-se especialmente com a vida espiritual da tribo. No interior do Paraná a erva-mate também está servindo como geração de renda para duas aldeias que estão exportando a planta para os Estados Unidos.
Alyne Lemes, especial para Gazeta do Povo
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Da floresta para o exterior

Gilmar Candido, 20 anos, embrenha-se no meio da mata fechada em busca de erveiras nativas para colher seus ramos.
Foto: Josue Teixeira/GP.
Mapa do paraná com a localização da aldeia Koenjo-Porã, na cidade de Turvo
Localização da tribo
É em um puxadinho de chão batido feito com galhos de árvores que a índia guarani Márcia Pires de Lima, de 34 anos, se enche de orgulho para falar da tradição do pai em tomar chimarrão: “Meu pai, até hoje, prepara a própria erva para o chimarrão”. Sentados em um banco em frente a uma fogueira que fica acesa desde o clarear do dia até o anoitecer, ela e o marido, Knomi Gabriel Tupã, de 27 anos, aquecem a água em uma chaleira já queimada pelo fogo e ajeitam, em meio à fumaça, a erva na cuia.
Os cuidados que o casal tem no preparo do chimarrão fazem parte de uma tradição que passa de geração em geração. À espera do primeiro filho, os moradores da Aldeia Koenjo-Porã, que fica em uma reserva indígena na cidade de Turvo, região Central do estado, aprenderam com os pais que chimarrão bom é aquele moído na hora e com água aquecida em fogueira de chão.... Continue lendo
A tradição de tomar chimarrão não é exclusividade da família de Márcia e Gabriel. Foram os índios guarani e caingangue que iniciaram essa prática, muito antes da chegada dos europeus ao extremo sul americano. Por muito tempo, o consumo da Caá-i (água de erva saborosa) foi restrito apenas a membros importantes das tribos como caciques e pajés.
Os índios extraíam a erva-mate nativa e cortavam os galhos formando pequenos feixes. Depois de sapecar a erva em uma fogueira, ela era socada em um pilão de pedra ou madeira e armazenada para consumo. Nos primórdios, a comunidade indígena usava um porungo para misturar a erva-mate à água e uma espécie de pele fina de madeira para sorver a bebida.
Como forma de agradar os ‘visitantes’, os índios passaram a oferecer o chimarrão e a cultura de tomar a Caá-i se espalhou.

Ritual do mate

O chimarrão, na aldeia Koenjo-Porã, ainda tem um papel muito importante dentro das tradições. Um ritual com a planta é realizado anualmente para trazer boas energias. Os homens da tribo colhem a erva-mate e juntamente com o cacique e o pajé eles se reúnem na Opy (casa de reza) onde fazem o processo de sapecagem, secagem e cancheamento juntamente com rezas e danças. Depois do ritual, cada família leva para casa uma quantidade que deve ser consumida. Segundo a tradição dos índios guarani, o ritual traz boa sorte e todas as famílias da aldeia precisam tomar da erva preparada na casa de reza.
Além de consumir como bebida, os índios usam o chimarrão junto com outros medicamentos. Segundo eles, quando acordam indispostos, colocam ervas medicinais na água de chimarrão e tomam. É melhora na certa.
Dentro da cultura indígena de tomar o chimarrão, o correto é ingerir de duas a três vezes por dia, sempre antes das refeições. Quem estiver com a cuia deve tomar toda a água para depois passar para o próximo da roda e, as crianças não consomem a bebida. A prática pode ser iniciada quando completam 12 ou 13 anos.

Tradição que virou lucro

Em Turvo, as comunidades guarani e caingangue transformaram a tradição em uma forma de ganhar dinheiro. Os índios dessas duas tribos estão em uma área territorial que possui muitos pés nativos de erva-mate. Eles aproveitaram essa abundância natural para aumentar a renda das famílias.
A extensão da área, cerca de 12 mil hectares, e a quantidade de árvores de erva-mate nativa chamaram a atenção de empresas que trabalham com produtos orgânicos. Hoje, as aldeias Koenjo-Porã (guarani) e Marrecas (Caingangue) exportam para a Guayaki Yerva Mate, que tem sede na Califórnia, Estados Unidos.
De toda a erva-mate exportada pelas comunidades indígenas de Turvo para os Estados Unidos, 35% é transformado em chimarrão, o restante é usado na fabricação de bebidas.

A colheita que produz sonhos

Segundo os índios, em uma semana de trabalho é possível ganhar cerca de R$ 200 com a venda de erva-mate. “Colhi 500 quilos em três dias e fiz baldeação em um, mas é trabalho sem folga”, garante o vice-cacique da aldeia guarani, Ramon Vogado, de 30 anos.
O fiscal de erva-mate da aldeia caingangue, Jesus Bandeira, 40 anos, é o responsável por marcar o que cada um produz, receber da empresa que beneficia o produto e pagar os colegas. Ele calcula que, em média, cada índio colhe entre 300 e 400 quilos por semana.

A arte de escalar árvores

A erva-mate nativa chama atenção do mercado externo por algumas características: seu sabor é mais suave, com folhas que têm um verde mais vivo. Cada pé pode atingir até 12 metros de altura.
Espalhados pela mata nativa, os índios precisam fazer longas caminhadas para encontrar uma árvore. Para chegar aos galhos, eles escalam a árvore com o auxílio de duas ferramentas de ferro, com ganchos nas pontas, que são amarradas nos pés. De lá do alto, eles cortam grandes galhos com o facão. Depois de podar toda a árvore, o índio desce e começa a quebrar em pequenos pedaços os galhos, que são amarrados em grandes feixes de até 40 quilos. Cada indígena precisa baldear o que colheu até um trator que fica a espera do produto. Depois de pesado, um fiscal marca quanto cada um produziu e então o produto segue para uma empresa de beneficiamento.


Linha do tempo

O rastro verde deixado pelo mate

Acompanhe parte da trajetória da erva-mate nos últimos cinco séculos: desde os primeiros contatos dos colonizadores com a planta até quando foram criados órgãos que tratavam exclusivamente da economia ervateira.
1554 – Domingo Martínez de Irala, general espanhol, chega na região da atual cidade de Guaíra no noroeste do Paraná. Os índios locais costumavam tomar com um canudo de taquara uma bebida de folhas trituradas dentro de um porongo cortado. Era a erva-mate.
1620 – Os jesuítas veem com maus olhos o consumo da erva-mate por considerá-la afrodisíaca e viciante, chegando a chamá-la de erva do diabo.
1628 – Cartas trocadas entre padres jesuítas passam a enaltecer a erva-mate depois de os espanhóis mostrarem a eles a possível rentabilidade comercial do produto. Também perceberam que o hábito de tomar mate mantinha os indígenas distantes das bebidas alcoólicas.
1638 – Os bandeirantes invadem as reduções jesuíticas de Guaíra, agora produtoras e consumidoras de erva-mate, para capturar índios e acabam levando a bebida para a região paulista.
1722 – Uma carta régia autoriza o Sul da capitania de São Paulo (neste caso o Paraná) a ter relações comerciais com a Colônia do Sacramento (pertencente à Portugal, hoje uma cidade uruguaia).
1759 – Dom José I, rei de Portugal, decreta a expulsão dos jesuítas de seus reinos e domínios. Os padres jesuítas protegiam os índios da exploração escrava, o que ia contra os interesses da coroa portuguesa.
1808 – D. João VI e a família real portuguesa se exilam no Brasil Colônia e, no mesmo ano, é decretada a abertura dos portos brasileiros às “nações amigas”.
1818 – José Gaspar Rodriguez de Francia, ditador do Paraguai, proíbe o comércio com os países vizinhos. Os comerciantes argentinos, em busca de novos fornecedores de erva-mate, chegam à Paranaguá por saberem dos ervais nativos do planalto de Curitiba.
1820 – Francisco de Alzagaray, vindo da Argentina, chega a Paranaguá e monta o primeiro engenho primitivo de beneficiamento de erva-mate, exportando a produção para o mercado argentino. Ele introduziu novas técnicas de poda, de secagem e de transportes em surrões de couro.
No mesmo ano, o naturalista Auguste de Saint-Hilaire, de passagem por uma fazenda próxima à Curitiba, colhe amostras de erva-mate e, quando volta para a França, apresenta um relatório científico classificando a planta como “Ilex paraguariensis”.
1826 – Quase 70% das exportações do Paraná eram de erva-mate. No ano seguinte foi criada a alfândega de Paranaguá.
1834 – José Caetano Munhoz funda o engenho da Glória que, depois de quase 50 anos é comprado por Francisco Fasce Fontana. A empresa existe até hoje como Mate Real, sob comando de descendentes de Fontana. Trata-se da mais antiga empresa ainda em funcionamento no Paraná.
1835 – As regiões de Morretes e de Paranaguá já tinham 20 fábricas de soque de erva-mate, a produção era praticamente toda absorvida por Uruguai e Argentina.
1851 – 86% das exportações do Paraná eram de erva-mate.
1853 – O Paraná se torna província ao ser desmembrado de São Paulo. A erva-mate tornou-se o motor econômico da nova província, alcançando os mercados de Buenos Aires, Montevidéu, Valparaíso (Chile) e Rio de Janeiro. Existiam 47 engenhos em Morretes e 29 em Curitiba.

Foto: brasão do Paraná, de Alfredo Andersen; Acervo do Dep. Est. de Arquivo Público do Paraná
1858 – João Antonio Pereira Alves instala no litoral o primeiro engenho à vapor do Paraná.
1865 – Estoura a Guerra do Paraguai. Nos cinco anos seguintes o Paraná foi o principal exportador de erva-mate para a Argentina.
1873 – A estrada da Graciosa é concluída. Até então mulas cruzavam trilhas na Serra do Mar com mercadorias em bolsões de couro. A erva-mate, em barricas, passou a ser transportada em carroções eslavos de Curitiba até os portos do litoral. Os engenhos então passaram a concentrar-se em Curitiba.
1878 – O engenheiro Francisco Camargo Pinto, que estudou na Inglaterra e na Alemanha, foi quem instalou o Engenho Tibagy, pertencente ao Barão do Serro Azul (foto). Francisco foi importante por criar máquinas que otimizaram o beneficiamento da erva-mate como a prensa para embutir o tampo das barricas, o abanador, o separador, o torrador, o secador e o misturador.

Reprodução de foto: Antonio More/GP; coleção Mate Real
1881 – 3/5 do mate consumido na América do Sul era oriundo dos ervais paranaenses, segundo o presidente da província João José Pedrosa. A erva-mate era exportada em barricas de pinheiro. Os tanoeiros, aqueles que faziam as barricas, eram artesãos habilidosos.

Foto: Coleção Museu Paranaense
1882 – Em 27 de dezembro o vapor "Cruzeiro", pertencente ao Coronel Amazonas, navega de Porto Amazonas até União da Vitória levando dois dias para fazer o percurso. Assim iniciou-se a navegação à vapor no Iguaçu ao longo de 320 km. Isso facilitou o escoamento da produção de erva-mate da região Centro-Sul do Paraná.
1885 – A ferrovia Curitiba-Paranaguá é terminada. Com ela, foi possível aumentar muito o volume de transporte de barricas de erva-mate. Antônio Rebouças Filho, brasileiro de origem negra com estudos na Europa, foi o responsável por essa pérola da engenharia do Brasil. Posteriormente os engenhos de Curitiba chegaram a construir ramais ferroviários para carregar as barricas nos vagões dentro da própria fábrica.
1887 – Criada a Associação Paranaense Propagadora da Herva-Matte que, em 1911, tornou-se o Centro dos Exportadores de Herva-Matte. Em 1928 ela passa a ser chamada de Instituto do Matte do Paraná.

Reprodução de foto: Antonio More/GP; coleção Fernando Fontana
1891 – É criada a Companhia Matte Larangeira. Explorava ervais nativos em uma área de 5 milhões de hectares que abrangia o Oeste e o Noroeste do Paraná. A empresa tinha sua própria linha férrea que transportava a erva-mate até portos no rio Paraná de onde seguia para ser beneficiada em Buenos Aires.
1901 – Agostinho Ermelino de Leão Junior funda a Matte Leão Jr.
1929 – Com a quebra da Bolsa de Nova York o mundo entra em recessão e o ciclo da erva-mate entra em crise. Ao mesmo tempo, nas últimas décadas, a Argentina veio aumentando a produção da planta. Em 1928 o Paraná tinha batido seu recorde na produção de erva. Com o declínio desse ciclo começa o breve ciclo da madeira que, posteriormente, na década de 1940 perde lugar para o café.
1938 – No ápice da crise ervateira é criado o Instituto Nacional do Mate a fim de minimizar a situação de se ter uma produção muito superior à capacidade de consumo de mercado (ele durou até 1967).

Fonte: gazeta do povo

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

COQUINHO



MATE



CAVALO ENCILHADO

MATE DO URUGUAI

URUGUAIANA


LEMBRAR


RIO GRANDE


Deus é Amor.

Pedido da segunda mãe. A frase diz tudo.

CAVALO CHUCRO

Descrição: Cavalo, cuia de porongo, massa epóxi sem amianto, anelina de madeira e gomalaca.

Dourado

Cuia elaborada a pedido do Filho. Dourado.