sexta-feira, 27 de setembro de 2013

CHIMARRÃO É ESTIMULANTE

Globo.com - Erva-mate: estimulante e digestiva
Chimarrão na cuia do gaúcho não é tratamento. É quase um vício! Mas, sem saber, brasileiros do Sul podem estar bebendo da fonte da juventude.
“Teoricamente, quem toma erva-mate fica mais jovem. Porque os radicais livres formados no organismo são responsáveis pelo processo de envelhecimento, e esses compostos têm habilidade de seqüestrar esses radicais livres”, explica a agrônoma Deborah Markwicz Bastos, Faculdade de Nutrição da Universidade de São Paulo (USP).

Os índios já usavam a erva-mate como estimulante e digestivo. E faziam muito bem, dizem duas pesquisadoras da Faculdade de Nutrição da USP. Elas confirmaram que o chimarrão é rico em cafeína, estimulante do sistema nervoso, e possui também muitos compostos fenólicos – substâncias antioxidantes, boas para evitar o envelhecimento e controlar o mau colesterol. Além disso, a erva-mate possui saponinas.

“As saponina aumentam a defesa do organismo e, portanto, o mantêm mais preparado para combater as infecções”, diz a agrônoma Deborah.

A sempre-viva é outra planta que o povo botou no armário de remédios. Agora, ela freqüenta também os tubos de ensaio.

“Nós estudamos o potencial antiulcerogênico da planta, ou seja, a capacidade de combater as úlceras gástricas”, explica a pesquisadora de farmacologia Maíra Cola Miranda, a Universidade de Campinas (Unicamp).

Nas mãos de estudantes de mestrado e doutorado da Unicamp, a flor da sempre-viva é seca, pulverizada e misturada com diversos solventes. Transformada em extrato, ela mostra uma de suas maiores riquezas: os flavonóides.

“Os flavonóides têm atividades antiulcerogênica e antiinflamatória e poder de cicatrização das lesões gástricas”, revela a pesquisadora.

Os flavonóides são defesas da planta que podem defender a saúde do homem. A capacidade de curar úlceras rapidamente foi comprovada em cobaias, que desenvolveram úlceras induzidas pelos pesquisadores.

“A cicatrização é de quase 100%”, anuncia a pesquisadora.

Jovens cientistas semeiam suas carreiras com o estudo de plantas medicinais. Eles querem ver o país colher mais medicamentos da natureza.

“Em países desenvolvidos, os laboratórios pagam para ter a pesquisa e a droga. Aqui não acontece isso”, comenta o pesquisador Anderson Luiz Ferreira.

“Em alguns modelos de indução de úlcera, nossas drogas são até melhores que as já consagradas pelo mercado”, ressalta a pesquisadora Fabiana Pimentel.

“Nós temos muitas substâncias na nossa vegetação que não foram descobertas ainda. Se a gente não estudar, as pessoas de fora vão fazer isso”, alerta o pesquisador Victor Barbastefano.

As florestas, o Pantanal e o cerrado brasileiros têm mais de 55 mil espécies de plantas. São 22% de todas as variedades do mundo. Uma riqueza vegetal tão grande que talvez nunca se chegue a conhecê-la por inteiro. Nossa única chance nasce do trabalho de cientistas, pesquisadores e mateiros. Que eles tenham tempo e apoio para fazer germinar todo esse potencial.

Disponível em:http://globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGC0-2703-4278-3-67008,00.html

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Um dos hinos do CHIMARRÃO

Doce amargo do amor

Os Monarcas

 Os Monarcas
(Me dê um chimarrão de erva boa
                                
Que o doce desse amargo me faz bem
 
O amargo representa uma saudade
 
     
E o doce o coração que ela não tem)

                               
Cevei meu mate no romper da aurora
                             
 
Chamei a china prá matear comigo
                         
 
Nem desconfiava que ela fora embora
                      
E esta saudade hoje é meu castigo

( )

                   
No fim da tarde nada me consola
                        
Tomo um amargo disfarçando a dor
 
                        
Largo o porongo e pego na viola
                   
Canto saudade pro meu grande amor

CHIMARRÃO

A CULTURA DO CHIMARRÃO
     O chimarrão é uma tradição gaúcha que acompanha a peonada do campo e da cidade    
diariamente, o clima quase sempre frio favorece a prática desse outro costume que além
de gostoso é revigorante e também fraterno pois a cuia passa de mão em mão, dando
seqüência nas trovas e conversas. E é ótimo parceiro do churrasco, pois é diurético e d
igestivo.
Chimarrão,  Curtindo a cuia 
     Antes de tu ires mateando, tens que dar um trato na cuia.
Seguem abaixo orientações para isso.
     Cura-se uma cuia enchendo-a de erva-mate pura ou misturada com cinza vegetal e água quente. Este pirão deve permanecer por dois ou três dias, sempre úmido, para que fique bem curtida, impregnando o gosto da erva em suas paredes. A Cinza é para dar maior resistência ao porongo.
     Passando o tempo determinado, retira-se a erva-mate da cuia, raspando com uma colher, para eliminar alguns baraços que tenham ficado.
 
     Enxágua-se com água quente e estará curada ou curtida, pronta para entrar em uso. O
mate ou cuia se cura cevando, isto é, à medida que vai sendo usada vai dando melhores
 mates.
Há quem goste de colocar o mate (cuia) num cozimento com flores de maçanilha após o
curtimento
Preparando o Chimarrão
1. Comece colocando água para ferver
2. Coloque a erva em 3/4 da cuia
3. Tape com a mão, e deite a erva até ficar quase vertical, sacuda.
4. Despeje água morna na cuia na quantidade suficiente para deixar a erva armada na
posição inclinada.
5. Deixe inchar a erva por mais ou menos 3 minutos.
6. Enterre a bomba na erva tapando a ponta com o polegar. Vá até o fundo.
7. Deixe a água chiar, sem ferver.
8. Encha a cuia e tome até roncar, antes de passar para outra pessoa.
9. Agora você está pronto para saborear o seu chimarrão.
Adicione água quente (80ºC) no espaço vazio próximo a bomba enchendo
a cuia (sem cobrir completamente a erva).
Beba até que a água tenha terminado e volte a encher a cuia e assim por diante.
Não mova a bomba e continue usando a mesma erva até sentir que ela perdeu o gosto.
 
Dicas . Use erva nova . Não tome muito depressa
****Se tu és dos que estão descobrindo agora o chimarrão, seja pelo motivo apontado,
 seja por se tratar de turista de passagem ou ainda por qualquer outro motivo, saibas
que, ao lado da simplicidade desse costume e da informalidade que caracteriza a
 roda de chimarrão, existem certas regras, mandamentos, mesmo, que devem ser
respeitados por todos. Vejamos, pois, aquelas coisas que ninguém tem o direito de fazer,
 sob pena de ver os tauras daqui empunhar lanças pela enésima vez na história e, talvez,
antecipar o "dia seguinte".
  1. NÃO PEÇAS AÇÚCAR NO MATE
    O gaúcho aprende desde piazito que e por que o chimarrão se chama também
  2.  mate amargo ou, mais intimamente, amargo apenas. Mas, se tu és dos que
  3.  vêm de outros pagos, mesmo sabendo poderás achar que é amargo demais
  4. e cometer o maior sacrilégio que alguém pode imaginar neste pedaço do Brasil:
  5.  pedir açúcar. Pode-se pôr na água ervas exóticas, cana, frutas, cocaína, feldspato,
  6. dólar etc, mas jamais açúcar. O gaúcho pode ter todos os defeitos do mundo mas
  7. não merece ouvir um pedido desses. Portanto, tchê, se o chimarrão te parece   
  8. amargo demais não hesites: pede uma Coca-Cola com canudinho. Tu vais te sentir
  9. bem melhor.

     
  10. NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO É ANTI-HIGIÊNICO
    Tu podes achar que é anti-higiênico pôr a boca onde todo mundo põe. Claro
  11. que é. Só que tu não tens o direito de proferir tamanha blasfêmia em se
  12. tratando do chimarrão. Repito: pede uma Coca-Cola com canudinho. O canudo
  13.  é puro como água de sanga (pode haver coliformes fecais e estafilococos
  14.  dentro da garrafa, não no canudo).

     
  15. NÃO DIGAS QUE O MATE ESTÁ QUENTE DEMAIS
    Se todos estão chimarreando sem reclamar da temperatura da água, é porque ela
  16. é perfeitamente suportável por pessoas normais. Se tu não és uma pessoa normal,
  17. assume e não te fresqueies. Se, porém, te julgas perfeitamente igual às demais,
  18.  faze o seguinte: vai para o Paraguai. Tu vais adorar o chimarrão de lá.

     
  19. NÃO DEIXES UM MATE PELA METADE
    Apesar da grande semelhança que existe entre o chimarrão e o cachimbo da paz,
  20. há diferenças fundamentais. Com o cachimbo da paz, cada um dá uma tragada e
  21. passa-o adiante. Já o chimarrão, não. Tu deves tomar toda a água servida, até
  22. ouvir o ronco de cuia vazia. A propósito, leia logo o mandamento seguinte.

     
  23. NÃO TE ENVERGONHES DO "RONCO" NO FIM DO MATE
    Se, ao acabar o mate, sem querer fizeres a bomba "roncar", não te envergonhes.
  24. Está tudo bem, ninguém vai te julgar mal-educado. Este negócio de chupar sem
  25. fazer barulho vale para Coca-Cola com canudinho, que tu podes até tomar com o
  26. dedinho levantado.

     
  27. NÃO MEXAS NA BOMBA
    A bomba do chimarrão pode muito bem entupir, seja por culpa dela mesma, da
  28.  erva ou de quem preparou o mate. Se isso acontecer, tens todo o direito de
  29.  reclamar. Mas, por favor, não mexas na bomba. Fale com quem lhe ofereceu o
  30.  mate ou com quem lhe passou a cuia. Mas não mexas na bomba, não
  31. mexas na bomba e, sobretudo, não mexas na bomba.

     
  32. NÃO ALTERES A ORDEM EM QUE O MATE É SERVIDO
    Roda de chimarrão funciona como cavalo de leiteiro. A cuia passa de mão
  33. em mão, sempre na mesma ordem. Para entrar na roda, qualquer hora serve mas,
  34. depois de entrar, espera sempre tua vez e não queiras favorecer ninguém,
  35. mesmo que seja a mais prendada prenda do Estado.

     
  36. NÃO "DURMAS" COM A CUIA NA MÃO
    Tomar mate solito é um excelente meio de meditar sobre as coisas da vida. Tu
  37.  mateias sem pressa, matutando, recordando... E, às vezes, te surpreende até
  38.  imaginando que a cuia não é cuia mas o quente seio moreno daquela chinoca
  39. faceira que apareceu no baile do Gaudêncio... Agora, tomar chimarrão numa
  40. roda é mui diferente. Aí o fundamental não é meditar e sim integrar-se à
  41. roda. Numa roda de chimarrão, tu falas, discutes, ri, xingas, enfim, tu participas
  42. de uma comunidade em confraternização. Só que esta tua participaçâo não
  43. pode ser levada ao extremo de te fazer esquecer da cuia que está em tua mão.   
  44. Fala quanto quiseres mas não esqueças de tomar teu mate, que a moçada tá esperando.

     
  45. NÃO CONDENES O DONO DA CASA POR TOMAR O 1º MATE
    Se tu julgas o dono da casa um grosso por preparar o chimarrão e tomar ele
  46. próprio o primeiro, saibas que grosso é tu. O pior mate é o primeiro e
  47.  quem o toma está te prestando um favor.

     
  48. NÃO DIGAS QUE CHIMARRÃO DÁ CÂNCER NA GARGANTA
    Pode até dar. Mas não vai ser tu, que pela primeira vez pegas na cuia, que irás
  49.  dizer, com ar de entendido, que chimarrão é cancerígeno. Se aceitaste o mate
  50. que te ofereceram, toma e esquece o câncer. Se não der para esquecer, faze
  51. o seguinte: pede uma Coca-Cola com canudinho, que ela... etc, etc
LENDA DO CHIMARRÃO
     Existem muitas lendas contando como foi que começou o uso da erva mate. Destas
 descrevemos uma:
     Era sempre assim: a tribo de índios guarany derrubava um pedaço de mata, plantava
 a mandioca e o milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se euxaria e a tribo
precisava emigrar a terra além.descrevemos uma:
     Cansado de tais andanças, um velho índio, já mui velho, um dia recusou seguir
adiante e prefere quedar-se na tapera. A mais jovem de suas filhas, a bela Jary ficou
 entre dois corações: seguir adiante, com os moços de sua tribo, ou ficar na solidão,
 prestando arrimo ao ancião até que a morte o levasse para a paz do Yvi-Marai.
 Apesar dos rogos dos moços, terminou permanecendo junto ao pai.descrevemos uma:
     Essa atitude de amor mereceu ter recompensa. Um dia chegou um pajé desconhecido
e perguntou à Jary o que é que ela queria para se sentir feliz. A moça nada pediu, mas
o velho pai pediu, "que renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro
da tribo que lá se foi".
     Entregou-lhe o pajé uma planta muito verde, perfumada de bondade, e ensinou
que ele plantasse, colhesse, as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos
 num porongo, acrescenta-se água quente ou fria e sorvesse essa infusão, "terás nessa
   nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel
solidão". Dada a receita partiu.
     Foi assim que nasceu e cresceu a caá-mini. Dela resultou a bebida caá-y que os
brancos mais tarde adotaram o nome de chimarrão.
     Sorvendo a verde seiva o ancião retemperou-se, ganhou força e pode empreender a
longa viajada até o reencontro com seus. Foram recebidos com a maior alegria.
     E a tribo toda adotou o costume de beber da verde erva, amarguentinha e gostosa
que dava força e coragem e confortava amizade mesmo nas horas tristonhas da mais
total solidão.
     Era sempre assim: a tribo derrubava um pedaço de mata, plantava a mandioca e o
 milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se exauria e a tribo precisava emigrar
 à terra além.
     Cansado de tais andanças, um velho índio um dia se recusou a seguir adiante e preferiu
quedar-se na tapera.
     A mais jovem de suas filhas, a bela Jary, ficou entre dois corações: seguir adiante,
com os moços de sua tribo, ou ficar na solidão, prestando arrimo ao ancião até que a morte
o levasse para a paz do Ivy-Marae. Apesar dos rogos dos moços, terminou permanecendo
 junto ao pai.
     Essa atitude de amor mereceu ter recompensa. Um dia chegou ao rancho um pajé
desconhecido e perguntou a Jary o que é que ela queria para se sentir feliz. A moça
 nada pediu. Mas o velho pediu: "Quero renovadas forças para poder seguir adiante
 e levar Jary ao encontro da tribo que lá se foi".
     Entregou-lhe o pajé uma planta muito verde, perfumada de bondade, e ensinou
que ele plantasse, colhesse as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos
num porongo, acrescentasse água quente ou fria e sorvesse esta infusão.
     "Terás nessa nova bebida uma companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais
cruel solidão".
     Dada a receita, partiu.
     Foi assim que nasceu e cresceu a caá-mini. Dela resultou a bebida caá-y que os
brancos mais tarde adotaram com o nome de chimarrão.
     Sorvendo a verde seiva o ancião retemperou-se, ganhou força, e pôde empreender a
 longa viagem até o reencontro com os seus.
     Foram recebidos com a maior alegria.
     E a tribo toda adotou o costume de beber da verde erva, amarguentinha e gostosa,
 que dava força e coragem e confortava amizade mesmo nas horas tristonhas da mais
total solidão.
Evolução Histórica
     O uso desta planta como bebida tônica e estimulante já era conhecido pelos aborígenes
da América do Sul. Em túmulos pré-colombianos de Ancon, perto de Lima no Peru, foram
   encontradas folhas de erva mate ao lado de alimentos e objetos, demonstrando o seu uso
pelos incas.
     Desde os primórdios da ocupação castelhana no Paraguai, indicado por Don Hernando
Arios de Saavedra (governante de 1592-1594), observou-se a utilização da erva mate pelos  
indígenas.
     Os primeiros jesuítas estabelecidos no Paraguai (posteriormente nas missões), fundaram
várias feitorias, nas quais o uso das folhas de erva mate já era difundido entre os índios  
guaranis, habitantes da região.
     Posteriormente observou-se que os indígenas brasileiros, que habitavam as margens do
rio Paraná, utilizavam-se igualmente desta Aquifoliácea. Outras tribos não localizadas em r
egiões de ocorrência natural da essência, possuíam o hábito de consumi-la, obtendo-a através
de permuta.
     Estas tribos localizadas no Peru, Chile e Bolívia, transportavam o produto por milhares de
quilômetros.
     Orientados pelos jesuítas, instalados na Companhia de Jesus do Paraguai (denominação
dada no século XVII aos territórios das províncias do Paraguai, Buenos Aires e Tucuman), os
   indígenas iniciaram as plantações de erva mate.
     Concomitante a implantação de ervais, os jesuítas aprofundaram-se no estudo do sistema
 vegetativo da planta, visto que as sementes caídas das erveiras não germinavam naturalmente.
   Os jesuítas definiram preceitos sobre época de colheita de sementes, do preparo e cultivo da
 erva mate.
     Por mais de século e meio (1610-1768), quando se deu a saída forçada da Companhia
de Jesus, os jesuítas exploraram o comércio e a exportação do mate. O Padre Nicolós Durain
 observou que os índios tomavam o mate em água quente, não podendo passar sem ele
 no trabalho, muitas vezes, pois era o único sustento.
     As bandeiras paulistas que de 1628 a 1632 percorreram as regiões de Guaíra
regressaram trazendo índios guaranis prisioneiros, e com eles o hábito da bebida.
Origem do nome Mate
     O espanhol preferiu usar a voz "mate", da língua quíchua, e que se ajusta melhor à
modalidade grave do idioma. A palavra quíchua "mati" era a designação da cuia. Substituiu
 a palavra guarany, caiguá, nome composto das vozes caá (erva), i (água) e guá (recipiente).
O significado é o seguinte: recipiente para a água da erva.
Nomes Populares
     A erva mate é conhecida popularmente também como mate, chá-mate, chá-do-paraguai,
 chá-dos-jesuítas, chá-das-missões, mate-do-paraguai, chá-argentino, chá-do-brasil, congonha,
congonha-das-missões, congonheira, erva, mate-legítimo, mate-verdadeiro.
     Outras denominações populares de menor disseminação incluem: erva-de-são bartolomeu,
orelha-de-burro, chá-do-paraná, congonha-de-mato-grosso, congonha-genuína,  
congonha-mansa, congonha-verdadeira, erva-senhorita.
     As denominações indígenas para a erva-mate são caá, caá-caati, caá-emi, caá-ete,
 caá-meriduvi e caá-ti.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

FENACHIM

História da Festa
A Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), quando idealizada no início dos anos 80, pretendia se projetar para muito além da pequena, porém não menos importante, Festa Municipal do Chimarrão, instituída pela lei municipal 666, de 6 de maio de 1970. É que naquela época se pretendia realizar o evento de quatro em quatro anos. Porém, apenas duas edições ocorreram: em 1971 e 1976.

Dez anos depois, surgiu a Festa Nacional do Chimarrão. Uma ideia do então prefeito Almedo Dettenborn e do secretário de Turismo Ari Vieira Marques, que sugeriu a construção de um Parque para abrigar o evento. A área de 13 hectares, no Acesso Imperatriz Dona Leopoldina, foi adquirida em 1984. Logo em seguida, mais dois hectares foram anexados.

A 1ª Fenachim aconteceu em 1986. Jader Ribeiro Rosa foi o presidente e contou com o assessoramento da Sebratur, empresa catarinense especializada em grandes eventos. Os destaques foram a inauguração do pórtico de entrada do Parque e as apresentações nativistas. Na segunda festa, Venâncio Aires ganhou o seu pórtico.

Várias festas tiveram desfile das soberanas e de carros alegóricos na rua Osvaldo Aranha. A 3ª Fenachim marcou também a comemoração do centenário de Venâncio Aires, em 1991. Foi nesta edição que entrou em cena o mascote Venancito. Além disso, o Parque ganhou mais dois hectares, totalizando 17.

Na sexta edição, a Fenachim ganhou o slogan ‘Uma festa com o sabor do Rio Grande’. No evento seguinte, o parque passou por mais uma remodelação. A Mostra Cultural, em sua terceira edição, ganhou a mesma projeção da 8º Fenachim. A organização aconteceu por meio da Associação das Entidades da Comunidade (Assecom), criada especialmente para a festa.

A 9ª Fenachim foi realizada após um intervalo de três anos, com organização da Associação Tradicionalista de Venâncio Aires (ATVA) e da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços (Caciva). Na 10ª edição da festa, o Parque ganhou uma pista de kart, tornando o esporte uma das atrações com maior expectativa na programação.

A 11ª Fenachim contou com um Chimarródromo. No local, os visitantes encontravam a bebida símbolo da festa e tinham a oportunidade de aprender a fazer os mais variados tipos da bebida típica do Rio Grande do Sul.

Fonte: http://www.fenachim.com.br

CUIAS DO BRASIL, URUGUAI E ARGENTINA























terça-feira, 17 de setembro de 2013

UMA LENDA DO CHIMARRÃO

Lenda do Chimarrão


Fazia muito tempo que Así, a lua, olhava cheia de curiosidade e de desejo desde seu céu escuro os bosques profundos com que Tupã, o poderoso Deus dos guaranys, havia recoberto a terra. Os olhos claros de Así recorriam a erva fina e suave das ladeiras, as altas árvores que alargavam suas sombras à luz do anoitecer, os rios e águas cintilantes. Seu desejo de descer até o bosque se fazia cada vez mais ardente. Então Así chamou Aria, a nuvem rosada do crepúsculo, e lhe disse:
- Queres descer comigo para a terra?
Aria, a doce companheira da deusa, ficou assombrada com o estranho desejo de Así. Mas mesmo assim seguiu-a preocupada.
- Sim. Vem comigo, Aria. Amanhã de tardinha deixaremos o céu azul e nos meteremos pelo bosque, por entre as altas árvores.
- Mas todos saberão o que estaremos fazendo; ao chegar a noite notarão tua ausência.
Así sorriu, com um brilho nos olhos.
- Somente as nuvens, tuas irmãs, saberão. Eu as chamarei, pedirei que venham velozes e apertadas. Juntas cobrirão todo o céu e ninguém saberá de nossa aventura.
As palavras de Así convenceram a nuvem rosada, e ao entardecer do dia seguinte, as duas bonitas donzelas passeavam pelo bosque solitário, enquanto negras e densas nuvens ameaçavam a terra com seu aspecto de tempestade.
Así admirava entusiasmada as árvores, que ofereciam seus frutos cheirosos, as varas finas sussurantes movidas pelo vento, o verde das folhas que se embranqueciam quando ela se aproximava. Así sentiu debaixo de seus pés descalços a úmida suavidade da relva, viu seu lindo rosto lunar refletido nas águas profundas dos rios. Así e Aria corriam felizes através do bosque, mas seus corpos iam se fatigando. Caminhavam pela noite escura deixando na sua passagem uma réstea de luz.
Ao longe, numa clareira do bosque, avistaram uma cabana em ruínas e se encaminharam até ela para buscar um pouco de repouso, pois ainda que fossem deusas na sua morada celestial, sentiam o cansaço na atual forma de donzelas.
De repente seus aguçados ouvidos sentiram o leve ruído de gravetos se quebrando. Así virou seu rosto radiante para o lugar de onde vinham os ruídos e sua luz iluminou um tigre, um jaguar (yaguareté) que se aproximava como que deslumbrado pela repentina luminosidade que elas irradiavam. As duas donzelas não tiveram tempo de perder suas formas corpóreas, mas esquivaram-se rapidamente para o lado, enquanto o tigre falhava em seu ataque. Depois viram um homem, de idade avançada, com instinto e experiência de caçador, que vinha em seu auxílio e lutava contra o jaguar. O bosque queria oferecer às duas deusas uma última e singular aventura.
Aquele homem sabia esquivar o seu corpo com agilidade das garras do tigre ao mesmo tempo que manuseava com destreza seu punhal, mas mesmo assim não parecia levar vantagem sobre o animal. Com um esforço fora do comum se lançou pela última vez sobre o jaguar. A lâmina do punhal brilhou por um momento no ar e caiu pesadamente sobre a cabeça do tigre, que terminou separada do corpo do animal.
O velho índio havia remoçado durante os últimos minutos que durou a luta. Parecia que todo o vigor de sua juventude tinha voltado ao seu braço poderoso. Mas, depois do tigre morto, seus braços caíram pesados ao longo do corpo, ainda que sua mão continuasse segurando com força o ensangüentado punhal. Depois, com a respiração ainda ofegante, seus olhos buscaram as duas jovens.
- Já não tendes motivos para vos preocupar – lhes disse – Agora peço, lindas jovens, que aceiteis a hospitalidade que posso vos oferecer em minha cabana.
Así e sua companheira aceitaram com gosto o convite, ao mesmo tempo que elogiaram o valor e a destreza que o velho índio havia demonstrado na luta. Depois o seguiram e entraram com ele na palhoça.
- Sentai-vos sobre estas esteiras enquanto aviso minha mulher e minha filha para que venham oferecer os deveres da hospitalidade – disse o velho.
O velho desapareceu, enquanto as duas jovens se entreolhavam cheias de assombro e sem atrever-se a dizer nenhuma palavra. Ao redor tudo era ruína e miséria e lhe chamava atenção que um homem só vivesse naquela solidão. Seu assombro aumentou ao tomarem conhecimento de que duas mulheres viviam junto com ele. Sua aventura na terra ia adquirindo uma série de novos matizes inesperados. Nem houve tempo de divagar, porque as duas mulheres anunciadas, cheias de amabilidades chegaram onde elas estavam.
- Viemos oferecer-vos nossa pobreza, disse a mulher do velho índio.
Así e Aria mal se davam conta do que lhes dizia, pois haviam ficado maravilhadas pela beleza e formosura da jovem, que cheia de um tímido recato, estava alí diante delas.
- Não tendes que vos esforçar – disse por fim Así, saindo de seu assombro – agradeceremos qualquer coisa que possais oferecer-nos, pois caminhamos pelo bosque desde o entardecer e estamos mais cansadas do que famintas.
A jovem se apressou então a trazer umas tortas de milho, que foram guardadas ao abrigo da luz e por isso mantiveram a maciez e doçura. Mas o que as duas deusas não sabiam naquele momento é que sob a forma humana haviam perdido alguns de seus poderes divinos e desta forma não puderam perceber que aquelas saborosas tortas haviam sido feitas com o único milho que restava na cabana.
Durante um bom tempo o velho casal e linda jovem donzela procuraram fazer prazeirosa a estadia das deusas, mas Así permanecia um pouco alheia ao que lhe diziam. Parecia-lhe tão fora do natural que aquelas três pessoas vivessem alí, separadas dos demais homens e expostos aos perigos das feras, que não podia afastar a idéia de que houvesse nisso algum mistério. Não agüentando mais de curiosidade, por fim perguntou, procurando as palavras certas para não demonstrar sua ansiedade, tentando naturalidade:
- Existe alguma outra cabana perto desta?
- Não – respondeu o velho índio – vivemos aqui completamente isolados dos demais homens. Não existe nenhuma cabana próxima daqui.
- E não sentem medo nesta solidão? – Perguntou de novo Así.
O velho sabia calar o que lhe interessava e respondeu evasivamente:
- Não, não, nenhum. Viemos viver aqui por nossa própria vontade.
Depois levantou-se, com alguma cerimônia e despedindo-se disse:
- Não desejaria cansar quem acolhemos debaixo do nosso teto, pois Tupã vê com desagrado aos que não cumprem dignamente a hospitalidade com seus semelhantes. Portanto, as deixaremos repousando o que resta da noite. Amanhã, se for o vosso desejo abandonar estes bosques, as acompanharei até onde não exista mais nenhum perigo.
E, ao terminar de dizer estas palavras, saiu seguido de sua mulher e a bela filha.
Quando Así se viu novamente à sós com Aria deixou que sua clara luz iluminasse o local, pois desde que encontraram o índio no bosque a estava reprimindo e escurecendo-se para não ser descoberta. Depois ouviu o que lhe disse Aria:
- Que faremos agora, Así? Voltamos para nossa morada e deixamos que esta gente creia que o encontro conosco tenha sido só um sonho?
Así moveu negativamente a cabeça.
- Não, não, Aria. Estou cheia de curiosidade para saber qual é o motivo que lhes fez retirar-se para este isolamento e prender com eles esta bela jovem. Se não conseguirmos que nos digam não saberemos, pois nosso poder não é suficiente para adivinhá-lo. Esperemos amanhã.
Aria não sentia a mesma curiosidade de Así, mas era amiga da pálida deusa, e concordou com seu desejo, ainda que não lhe agradasse muito passar a noite naquela cabana em ruínas.
Chegou a luz do novo dia e com ela Así anunciou ao velho que havia chegado o momento de andar.
- Esperamos-lhe – disse – que, assim como vos comportaste tão amavelmente conosco, nos acompanheis, como disseste, até o limite do bosque.
Não era necessário que a deusa lhe recordasse sua promessa, pois o homem era hospitaleiro e honrado e se colocou em seguida à disposição de seus desejos. Saíram, a mulher e a filha, a despedir-se das jovens aventureiras, que acompanhadas do velho se puseram à caminho.
Apenas haviam se apartado da clareira do bosque onde estava a cabana, quando Así, com toda sua fria astúcia, fez a tentativa para que seu acompanhante lhes dissesse o que tanto desejava. O velho havia percebido o desejo da jovem e atribuindo-o a curiosidade própria de mulher, decidiu satisfazer o desejo, e lhe disse:
- Formosa donzela, bem vejo que lhe chamou a atenção o isolamento em que vivo com minha mulher e minha filha, mas não imagineis que haja nisso nenhum motivo estranho.
Así, que começava a festejar com as primeiras palavras do velho, sentiu o temor de que ele não continuasse, ao ver que fazia uma pausa em seu relato. Então Aria, a nuvem rosada, fez uma tentativa para que o desejo de sua amiga acabasse satisfeito, e perguntou:
- Faz muito tempo que viveis neste bosque?
- Sim, faz bastante, e não posso queixar-me da solidão, porque ela me deu a tranqüilidade que começou a me faltar quando eu vivia entre os de minha tribo.
Então o velho índio, já disposto a fazer a confidência, contou às duas jovens o motivo pelo qual ele havia se retirado para viver na humilde cabana onde elas o haviam acompanhado.
Durante a juventude viveu junto aos de sua tribo, que era uma das muitas tribos que haviam nas proximidades dos grandes rios, dedicadas à caça e às lutas. Alí conheceu aquela que seria sua mulher e sua alegria ficou sem limites no dia em que nasceu sua filha, uma menina tão cheia de beleza, que aumentava o gozo natural de seus pais. Mas esta alegria foi sendo trocada por preocupação à medida que a menina foi crescendo, pois era tão inocente, tão cheia de doçura e falta de malícia, que o pai começou a temer o dia em que ela perderia tão lindos atributos. Pouco a pouco, o desassossego, a inquietação, e o temor invadiram o espírito deste índio até que decidiu separar-se da comunidade em que vivia para o isolamento e a solidão, para que sua filha pudesse guardar aquelas virtudes com que Tupã a havia enriquecido.
- Abandonei tudo que não necessitava para viver no bosque – disse o velho – e sem dizer a ninguém para onde ia, fugi como um veado perseguido, até a solidão. Desde então vivo ali. Só o carinho que tenho por minha filha poderia fazer-me cometer esta espécie de loucura. Mas sou feliz assim e vivo tranqüilo.
Calou-se o velho e nenhuma das duas soube o que responder. Então Así, vendo que o limite do bosque estava perto, pediu que as deixasse, depois de prometer-lhe que não falaria à ninguém de seu encontro. Concordou o velho índio, e, tão logo Así e Aria ficaram sós, perderam suas formas humanas e subiram para o céu.
Passaram-se alguns dias, nos quais a pálida deusa não podia esquecer as aventuras e tudo aquilo que aconteceu no seu encontro no bosque, e, observando o velho índio desde a sua solidão celeste, compreendeu todo o valor da hospitalidade que ele lhes havia oferecido em sua cabana, pois viu que as tortinhas de milho, de que tanto gostavam todos daquelas tribos, haviam desaparecido de seu alimento. Não restou dúvidas que aquelas que lhes foram oferecidas eram as últimas que tinham. Então, uma tarde, voltou a falar com Aria e lhe contou o que tinha observado.
- Eu acredito – disse a nuvem sorridente – que devemos premiar aquela gente. Que pensas, Así ?
- Pensei a mesma coisa e porisso quis falar contigo. Poderíamos fazer, já que o velho tem todo este amor pela filha, tão fora do comum, que nosso prêmio recaísse sobre a jovem.
- Pensaste muito bem, Así. E como foi tão hospitaleiro, e sabes que Tupã se alegra que os homens sejam assim, teremos também que demonstrá-lo.
Desde aquele momento as jovens deusas passaram a buscar um prêmio adeqüado. Por fim lhes ocorreu algo verdadeiramente original e, com o maior segredo, se decidiram a pôr em prática. Para isto, uma noite fizeram cair em sono profundo os três seres da cabana, e, enquanto dormiam, Así, em forma de branca donzela, foi semeando na clareira do bosque, diante da palhoça, uma semente celeste. Depois voltou para sua morada, e desde o céu escuro iluminou fortemente aquele lugar, ao mesmo tempo em que deixava cair suave e docemente uma chuva miúda que encharcava amorosamente a terra.
Chegou a manhã, Así ficou escondida debaixo de um sol radiante, mas sua obra estava concluída. Diante da cabana haviam brotado umas árvores miúdas, desconhecidas, e suas brancas e apertadas flores surgiam tímidas entre o verde escuro de suas folhas. Quando o velho índio despertou do sono profundo e saiu para ir ao bosque, ficou maravilhado com o prodígio que se estendia diante da porta da sua palhoça. Parou ali, quieto, tentando entender o que havia acontecido, cheio de temor de que seus olhos e sua mente não fossem fiéis à realidade.
Por fim chamou sua mulher e sua filha e ficaram os três parados ali olhando aquela maravilha. Nesta hora uma visão maior surgiu ante seus olhos e os fez cair ajoelhados sobre a terra úmida. As nuvens que vagavam separadas pelo céu luminoso, se juntaram apertadamente escurecendo o céu, ao mesmo tempo que uma figura branquíssima e radiante de luz descia até eles. Así, como a figura da donzela que tinham conhecido, lhes sorria com confiança.
- Não tenhais nenhum medo – lhes disse – Eu sou Así, a deusa que habita a lua, e venho premiar vossa bondade. Esta nova planta que vêem é a Erva Mate, e de agora em diante constituirá para vocês e para todos os homens desta região o símbolo da amizade. Vossa filha viverá eternamente, e jamais perderá nem a inocência e nem a bondade de seu coração. Ela será a Senhora dos Ervais.
Depois, a deusa os fez levantar-se do chão onde estavam ajoelhados, e lhes ensinou o modo de tostar e de tomar o mate.
Passaram-se alguns anos, e a morte chegou para o velho casal. Depois, quando a filha cumpriu os deveres rituais, desapareceu da terra. Desde então somente deixa-se ver de vez em quando entre os ervais paraguaios como uma linda jovem ruiva, cujos olhos refletem a inocência e a doçura de sua alma.
MATE s. Infusão de erva-mate Illex paraguayensis, St.-Hil.) preparado em cuia de porongo e sorvida por meio da bomba.
A erva-mate em história natural toma o nome de Ilex paraguayensis. Também a denominam chá do Paraguai. Os índios guaranis a denominavam cogoi e caá, sendo esta última a palavra mais usada. A palavra congonha, como a denominavam em São Paulo e em Minas Gerais, cabe à erva encestada, é uma palavra composta de cogoi e da partícula nha, encestar, isto é, colocar em jacá ou em cesto.
O mate tem entre os índios guaranis uma origem mitológica. Começaram a usar como bebida a erva-mate, caá por indicação de um pajé, feiticeiro. Segundo uma lenda, tendo anhang aparecido a esse pajé, narrou-lhe as virtudes e os males do caá.
Desde então começaram a usá-la com as devidas precauções para tirar dela as vantagens tônicas e medicinais, evitando seus inconvenientes.
Não só os pajés como os caciques nas grandes decisões, nos conselhos, nada resolvem sem tomar alguns tragos de mate. Tal é a conta que têm de suas virtudes.
Os índios guaranis usam o caá em infusão com água não muito quente, a que chamam caay, mate, e com água fria, como refresco tônico, a que chamam tereré. Na opinião deles, a água quente, fervendo, tira-lhe as virtudes e faz mal.
Segundo autores notáveis, o mate tomado à noite provoca insônias. É excitante e tônico do sistema nervoso. Seu uso moderado estimula a imaginação e facilita o trabalho intelectual. Por sua ação tônica promovendo o equilíbrio fisiológico, constitui um sedativo do sistema nervoso. O mate chimarrão é que goza destas propriedades. Porém, para que ele dê resultado, não deve ser tomado com água muito quente. Tomado com água fria, o tereré, além de ser um refresco, é mais enérgico nas ditas virtudes medicinais. ( João Cezimbra Jacques, Assuntos do Rio Grande do Sul, P. A., Of. Da Escola de Engenharia, 1.912 )

Chimarrão

Chimarrão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
     
Típico mate da fronteira do Rio Grande do Sul e da Argentina.
O mate servido.
Estátua de um homem servindo-se de chimarrão, em Posadas, na Argentina.
Cuias para chimarrão em porcelana, vidro e plástico.
Uma cuia e uma bomba.
  1. O chimarrão (ou mate) é uma bebida característica da cultura do sul da América do Sul. É um hábito legado pelas culturas indígenas quíchuas, aimarás e guaranis. É composto por uma cuia, uma bomba, erva-mate moída e água morna.
O termo mate, como sinônimo de chimarrão, é mais utilizado nos países de língua castelhana. O termo "chimarrão" é o adotado no Brasil, embora seja um termo oriundo da palavra castelhana cimarrón, que designa, por sua vez, o gado domesticado que retornou ao estado de vida selvagem e também o cão sem dono, bravio, que se alimenta de animais que caça. O chimarrão chegou a ser proibido no sul do Brasil durante o século XVI, sendo considerada "erva do diabo" pelos padres jesuítas das reduções do Guairá. A partir do século XVII, os mesmos passaram a incentivar seu uso com o objetivo de afastar as pessoas do álcool.1

Índice

O Chimarrão

O chimarrão é montado com erva-mate moída, adicionada de água quente(sem ferver). Tem gosto mais ou menos amargo, dependendo da qualidade da erva-mate, que, pronta para o uso, consiste em folhas e ramos finos (menos de 1,5 mm), secos e triturados, passados em peneira grossa, de cor que varia do verde ao amarelo-palha, havendo uma grande variedade de tipos, uns mais finos, outros mais encorpados, vendidos a diversos preços. O predomínio de folhas ou talos em sua composição, bem como sua granulometria varia de região para região.
Um aparato fundamental para o chimarrão é a cuia, vasilha feita do fruto da cuieira ou do porongo, que pode ser simples ou mesmo ricamente lavrada e ornada em ouro, prata e outros metais, com a largura de uma boa caneca e a altura de um copo fundo, no formato de um seio de mulher (no caso do porongo) ou no de uma esfera (no caso da cuieira). Há quem tome chimarrão em outros recipientes, mas a prática é geralmente mal vista.
O outro talher indispensável é a bomba ou bombilha, um canudo de cerca de seis a nove milímetros de diâmetro, normalmente feito em prata lavrada e muitas vezes ornado com pedras preciosas, de cerca de 25 centímetros de comprimento, em cuja extremidade inferior há uma pequena peneira do tamanho de uma moeda e, na extremidade superior, um bocal, muitas vezes executado em ouro.

Propriedades medicinais e nutritivas

Estudos detectaram a presença de muitas vitaminas, como as do complexo B, a vitamina C e a vitamina D e sais minerais, como cálcio, manganês e potássio. Combate os radicais livres. Auxilia na digestão e produz efeitos antirreumático, diurético, estimulante e laxante. Não é indicado para pessoas que sofrem de insônia e nervosismo, pois é estimulante natural. Contém saponina, que é um dos componentes da testosterona, razão pela qual melhora a libido.
Análises e estudos sobre a erva-mate têm revelado uma composição que identifica diversas propriedades benéficas ao ser humano, pois estão contidos nas folhas da erva-mate alcalóides (cafeína, teofilina, teobromina etc.), ácidos fólicos e cafeico (taninos), vitaminas (A, B1, B2, C, e E), sais minerais (alumínio, ferro, fósforo, cálcio, magnésio, manganês e potássio), proteínas (aminoácidos essenciais), glicídeos (frutose, glucose, sacarose etc.), lipídios (óleos essenciais e substâncias ceráceas), além de celulose, dextrina, sacarina e gomas.
O consumo da erva-mate está relacionado também ao poder que ela tem de estimular a atividade física e mental, atuando beneficamente sobre os nervos e músculos, combatendo a fadiga, proporcionando a sensação de saciedade, sem provocar efeitos colaterais como insônia e irritabilidade (apenas pessoas sensíveis aos estimulantes contidos na erva-mate podem sofrer algum efeito colateral). A erva também atua sobre a circulação, acelerando o ritmo cardíaco e harmonizando o funcionamento bulbo medular. Age sobre o tubo digestivo, facilitando a digestão sendo diurética e laxativa. É considerada ainda um ótimo remédio para a pele e reguladora das funções cardíacas e respiratórias, além de exercer importante papel na regeneração celular.
Assim, os pesquisadores concluíram que o mate contém praticamente todas as vitaminas necessárias para sustentar a vida, e que a erva-mate é uma planta indiscutivelmente especial, já que é muito difícil encontrar em qualquer lugar do mundo outra planta que se iguale ao seu valor nutricional2 .
No entanto, existem pesquisas que investigam a ligação entre a ingestão de chimarrão em alta temperatura, ao câncer de esôfago.3
Características:
  • Digestiva
  • É um moderado diurético
  • Estimulante das atividades físicas e mentais
  • Auxiliar na regeneração celular
  • Elimina a fadiga
  • Contém vitaminas - A, B1, B2, C e E
  • É rica em sais minerais como Cálcio, Ferro, Fósforo, Potássio, Manganês
  • É um estimulante natural que não tem contra-indicações
  • É vaso-dilatador, atua sobre a circulação acelerando o ritmo cardíaco
  • Auxiliar no combate ao colesterol ruim (LDL), graças a sua ação antioxidante
  • Por ser estimulante possui também poderes afrodisíacos, graças a vitamina “E” presente na erva-mate
  • É rica em flavonóides (antioxidantes vegetais) que protegem as células e previnem o envelhecimento precoce, tendo um efeito mais duradouro pela forma especial como se toma o mate
  • Segundo o médico pesquisador, Dr. Oly Schwingel, é indicado o uso do chimarrão de duas a três vezes ao dia
  • Previne a osteoporose, fortalecendo a estrutura óssea graças ao Cálcio e as vitaminas contidas na erva-mate
  • Contribui na estabilidade dos sintomas da gota (excesso de ácido úrico no organismo)
  • É rico em fibras que contribuem para o bom funcionamento do intestino
  • Auxiliar em dietas de emagrecimento
  • Atua beneficamente sobre os nervos e músculos
  • Regulador das funções cardíacas e respiratórias
  • Segundo o Instituto Pasteur da França e a sociedade científica de Paris, não existe no mundo outra planta que se iguale à erva-mate em suas propriedades e seu valor nutricional

Etiqueta

O chimarrão pode servir como "bebida comunitária", apesar de alguns aficionados o tomarem durante todo o dia, mesmo a sós. Embora seja cotidiano o seu consumo doméstico, principalmente quando a família se reúne, é quase obrigatório quando chegam visitas ou hóspedes. O chimarrão é símbolo da hospitalidade sulista: quem chega como visita em uma casa dessa região, é logo recebido com uma cuia de chimarrão. Então assume-se um ar mais cerimonial, embora sem os rigores de cerimônias como a do chá japonês.
A água não pode estar em estado fervente, pois isso queima a erva e modifica seu gosto. Deve apenas esquentar o suficiente para "chiar" na chaleira. Enquanto a água esquenta, o dono (ou dona) da casa prepara o chimarrão.
Há quem diga que isso acaba estabelecendo a hierarquia social dos presentes, mas é unânime o entendimento de que tomar chimarrão é um ato amistoso e agregador entre os que o fazem, comparado muitas vezes com o costume do cachimbo da paz. Enquanto você passa o chimarrão para o próximo bebê-lo, ele vai ficando melhor. Isso é interpretado poeticamente como você desejar algo de bom para a pessoa ao lado e, consequentemente, às outras que também irão beber o chimarrão.
Nesse cenário, o preparador é quem é visto mais altruisticamente. Além de prepará-lo para outras pessoas poderem apreciá-lo, é o primeiro a beber, em sinal de educação, já que o primeiro chimarrão é o mais amargo. Também é de praxe o preparador encher novamente a cuia com água morna (sobre a mesma erva-mate) antes de passar cuia, para as mãos de outra pessoa (ou da pessoa mais proeminente presente), que, depois de sugar toda a água, deve também renovar a água antes de passar a cuia ao próximo presente. Não se esqueça de tomar o chimarrão totalmente, fazendo a cuia "roncar". Se considera uma situação desagradável quando o chimarrão é passado adiante sem fazer roncá-lo.

Consumo

Ainda hoje é hábito fortemente arraigado nos estados brasileiros do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, em partes do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, bem como em partes da Bolívia e Chile e em todo o Uruguai, Argentina e Paraguai (onde é tomado frio e conhecido como tererê).

Curiosidades

  • A banda gaúcha Engenheiros do Hawaii compôs uma canção chamada "Ilex Paraguariensis", em homenagem ao chimarrão.
  • A microcervejaria Dado Bier lançou uma cerveja de mate, a "Ilex".
  • Em 2003, a história do chimarrão virou enredo da escola de samba Aliança, de Joaçaba, em Santa Catarina, no Brasil. Na ocasião, a escola conquistou o seu terceiro título.