quarta-feira, 25 de setembro de 2013

CHIMARRÃO

A CULTURA DO CHIMARRÃO
     O chimarrão é uma tradição gaúcha que acompanha a peonada do campo e da cidade    
diariamente, o clima quase sempre frio favorece a prática desse outro costume que além
de gostoso é revigorante e também fraterno pois a cuia passa de mão em mão, dando
seqüência nas trovas e conversas. E é ótimo parceiro do churrasco, pois é diurético e d
igestivo.
Chimarrão,  Curtindo a cuia 
     Antes de tu ires mateando, tens que dar um trato na cuia.
Seguem abaixo orientações para isso.
     Cura-se uma cuia enchendo-a de erva-mate pura ou misturada com cinza vegetal e água quente. Este pirão deve permanecer por dois ou três dias, sempre úmido, para que fique bem curtida, impregnando o gosto da erva em suas paredes. A Cinza é para dar maior resistência ao porongo.
     Passando o tempo determinado, retira-se a erva-mate da cuia, raspando com uma colher, para eliminar alguns baraços que tenham ficado.
 
     Enxágua-se com água quente e estará curada ou curtida, pronta para entrar em uso. O
mate ou cuia se cura cevando, isto é, à medida que vai sendo usada vai dando melhores
 mates.
Há quem goste de colocar o mate (cuia) num cozimento com flores de maçanilha após o
curtimento
Preparando o Chimarrão
1. Comece colocando água para ferver
2. Coloque a erva em 3/4 da cuia
3. Tape com a mão, e deite a erva até ficar quase vertical, sacuda.
4. Despeje água morna na cuia na quantidade suficiente para deixar a erva armada na
posição inclinada.
5. Deixe inchar a erva por mais ou menos 3 minutos.
6. Enterre a bomba na erva tapando a ponta com o polegar. Vá até o fundo.
7. Deixe a água chiar, sem ferver.
8. Encha a cuia e tome até roncar, antes de passar para outra pessoa.
9. Agora você está pronto para saborear o seu chimarrão.
Adicione água quente (80ºC) no espaço vazio próximo a bomba enchendo
a cuia (sem cobrir completamente a erva).
Beba até que a água tenha terminado e volte a encher a cuia e assim por diante.
Não mova a bomba e continue usando a mesma erva até sentir que ela perdeu o gosto.
 
Dicas . Use erva nova . Não tome muito depressa
****Se tu és dos que estão descobrindo agora o chimarrão, seja pelo motivo apontado,
 seja por se tratar de turista de passagem ou ainda por qualquer outro motivo, saibas
que, ao lado da simplicidade desse costume e da informalidade que caracteriza a
 roda de chimarrão, existem certas regras, mandamentos, mesmo, que devem ser
respeitados por todos. Vejamos, pois, aquelas coisas que ninguém tem o direito de fazer,
 sob pena de ver os tauras daqui empunhar lanças pela enésima vez na história e, talvez,
antecipar o "dia seguinte".
  1. NÃO PEÇAS AÇÚCAR NO MATE
    O gaúcho aprende desde piazito que e por que o chimarrão se chama também
  2.  mate amargo ou, mais intimamente, amargo apenas. Mas, se tu és dos que
  3.  vêm de outros pagos, mesmo sabendo poderás achar que é amargo demais
  4. e cometer o maior sacrilégio que alguém pode imaginar neste pedaço do Brasil:
  5.  pedir açúcar. Pode-se pôr na água ervas exóticas, cana, frutas, cocaína, feldspato,
  6. dólar etc, mas jamais açúcar. O gaúcho pode ter todos os defeitos do mundo mas
  7. não merece ouvir um pedido desses. Portanto, tchê, se o chimarrão te parece   
  8. amargo demais não hesites: pede uma Coca-Cola com canudinho. Tu vais te sentir
  9. bem melhor.

     
  10. NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO É ANTI-HIGIÊNICO
    Tu podes achar que é anti-higiênico pôr a boca onde todo mundo põe. Claro
  11. que é. Só que tu não tens o direito de proferir tamanha blasfêmia em se
  12. tratando do chimarrão. Repito: pede uma Coca-Cola com canudinho. O canudo
  13.  é puro como água de sanga (pode haver coliformes fecais e estafilococos
  14.  dentro da garrafa, não no canudo).

     
  15. NÃO DIGAS QUE O MATE ESTÁ QUENTE DEMAIS
    Se todos estão chimarreando sem reclamar da temperatura da água, é porque ela
  16. é perfeitamente suportável por pessoas normais. Se tu não és uma pessoa normal,
  17. assume e não te fresqueies. Se, porém, te julgas perfeitamente igual às demais,
  18.  faze o seguinte: vai para o Paraguai. Tu vais adorar o chimarrão de lá.

     
  19. NÃO DEIXES UM MATE PELA METADE
    Apesar da grande semelhança que existe entre o chimarrão e o cachimbo da paz,
  20. há diferenças fundamentais. Com o cachimbo da paz, cada um dá uma tragada e
  21. passa-o adiante. Já o chimarrão, não. Tu deves tomar toda a água servida, até
  22. ouvir o ronco de cuia vazia. A propósito, leia logo o mandamento seguinte.

     
  23. NÃO TE ENVERGONHES DO "RONCO" NO FIM DO MATE
    Se, ao acabar o mate, sem querer fizeres a bomba "roncar", não te envergonhes.
  24. Está tudo bem, ninguém vai te julgar mal-educado. Este negócio de chupar sem
  25. fazer barulho vale para Coca-Cola com canudinho, que tu podes até tomar com o
  26. dedinho levantado.

     
  27. NÃO MEXAS NA BOMBA
    A bomba do chimarrão pode muito bem entupir, seja por culpa dela mesma, da
  28.  erva ou de quem preparou o mate. Se isso acontecer, tens todo o direito de
  29.  reclamar. Mas, por favor, não mexas na bomba. Fale com quem lhe ofereceu o
  30.  mate ou com quem lhe passou a cuia. Mas não mexas na bomba, não
  31. mexas na bomba e, sobretudo, não mexas na bomba.

     
  32. NÃO ALTERES A ORDEM EM QUE O MATE É SERVIDO
    Roda de chimarrão funciona como cavalo de leiteiro. A cuia passa de mão
  33. em mão, sempre na mesma ordem. Para entrar na roda, qualquer hora serve mas,
  34. depois de entrar, espera sempre tua vez e não queiras favorecer ninguém,
  35. mesmo que seja a mais prendada prenda do Estado.

     
  36. NÃO "DURMAS" COM A CUIA NA MÃO
    Tomar mate solito é um excelente meio de meditar sobre as coisas da vida. Tu
  37.  mateias sem pressa, matutando, recordando... E, às vezes, te surpreende até
  38.  imaginando que a cuia não é cuia mas o quente seio moreno daquela chinoca
  39. faceira que apareceu no baile do Gaudêncio... Agora, tomar chimarrão numa
  40. roda é mui diferente. Aí o fundamental não é meditar e sim integrar-se à
  41. roda. Numa roda de chimarrão, tu falas, discutes, ri, xingas, enfim, tu participas
  42. de uma comunidade em confraternização. Só que esta tua participaçâo não
  43. pode ser levada ao extremo de te fazer esquecer da cuia que está em tua mão.   
  44. Fala quanto quiseres mas não esqueças de tomar teu mate, que a moçada tá esperando.

     
  45. NÃO CONDENES O DONO DA CASA POR TOMAR O 1º MATE
    Se tu julgas o dono da casa um grosso por preparar o chimarrão e tomar ele
  46. próprio o primeiro, saibas que grosso é tu. O pior mate é o primeiro e
  47.  quem o toma está te prestando um favor.

     
  48. NÃO DIGAS QUE CHIMARRÃO DÁ CÂNCER NA GARGANTA
    Pode até dar. Mas não vai ser tu, que pela primeira vez pegas na cuia, que irás
  49.  dizer, com ar de entendido, que chimarrão é cancerígeno. Se aceitaste o mate
  50. que te ofereceram, toma e esquece o câncer. Se não der para esquecer, faze
  51. o seguinte: pede uma Coca-Cola com canudinho, que ela... etc, etc
LENDA DO CHIMARRÃO
     Existem muitas lendas contando como foi que começou o uso da erva mate. Destas
 descrevemos uma:
     Era sempre assim: a tribo de índios guarany derrubava um pedaço de mata, plantava
 a mandioca e o milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se euxaria e a tribo
precisava emigrar a terra além.descrevemos uma:
     Cansado de tais andanças, um velho índio, já mui velho, um dia recusou seguir
adiante e prefere quedar-se na tapera. A mais jovem de suas filhas, a bela Jary ficou
 entre dois corações: seguir adiante, com os moços de sua tribo, ou ficar na solidão,
 prestando arrimo ao ancião até que a morte o levasse para a paz do Yvi-Marai.
 Apesar dos rogos dos moços, terminou permanecendo junto ao pai.descrevemos uma:
     Essa atitude de amor mereceu ter recompensa. Um dia chegou um pajé desconhecido
e perguntou à Jary o que é que ela queria para se sentir feliz. A moça nada pediu, mas
o velho pai pediu, "que renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro
da tribo que lá se foi".
     Entregou-lhe o pajé uma planta muito verde, perfumada de bondade, e ensinou
que ele plantasse, colhesse, as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos
 num porongo, acrescenta-se água quente ou fria e sorvesse essa infusão, "terás nessa
   nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel
solidão". Dada a receita partiu.
     Foi assim que nasceu e cresceu a caá-mini. Dela resultou a bebida caá-y que os
brancos mais tarde adotaram o nome de chimarrão.
     Sorvendo a verde seiva o ancião retemperou-se, ganhou força e pode empreender a
longa viajada até o reencontro com seus. Foram recebidos com a maior alegria.
     E a tribo toda adotou o costume de beber da verde erva, amarguentinha e gostosa
que dava força e coragem e confortava amizade mesmo nas horas tristonhas da mais
total solidão.
     Era sempre assim: a tribo derrubava um pedaço de mata, plantava a mandioca e o
 milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se exauria e a tribo precisava emigrar
 à terra além.
     Cansado de tais andanças, um velho índio um dia se recusou a seguir adiante e preferiu
quedar-se na tapera.
     A mais jovem de suas filhas, a bela Jary, ficou entre dois corações: seguir adiante,
com os moços de sua tribo, ou ficar na solidão, prestando arrimo ao ancião até que a morte
o levasse para a paz do Ivy-Marae. Apesar dos rogos dos moços, terminou permanecendo
 junto ao pai.
     Essa atitude de amor mereceu ter recompensa. Um dia chegou ao rancho um pajé
desconhecido e perguntou a Jary o que é que ela queria para se sentir feliz. A moça
 nada pediu. Mas o velho pediu: "Quero renovadas forças para poder seguir adiante
 e levar Jary ao encontro da tribo que lá se foi".
     Entregou-lhe o pajé uma planta muito verde, perfumada de bondade, e ensinou
que ele plantasse, colhesse as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos
num porongo, acrescentasse água quente ou fria e sorvesse esta infusão.
     "Terás nessa nova bebida uma companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais
cruel solidão".
     Dada a receita, partiu.
     Foi assim que nasceu e cresceu a caá-mini. Dela resultou a bebida caá-y que os
brancos mais tarde adotaram com o nome de chimarrão.
     Sorvendo a verde seiva o ancião retemperou-se, ganhou força, e pôde empreender a
 longa viagem até o reencontro com os seus.
     Foram recebidos com a maior alegria.
     E a tribo toda adotou o costume de beber da verde erva, amarguentinha e gostosa,
 que dava força e coragem e confortava amizade mesmo nas horas tristonhas da mais
total solidão.
Evolução Histórica
     O uso desta planta como bebida tônica e estimulante já era conhecido pelos aborígenes
da América do Sul. Em túmulos pré-colombianos de Ancon, perto de Lima no Peru, foram
   encontradas folhas de erva mate ao lado de alimentos e objetos, demonstrando o seu uso
pelos incas.
     Desde os primórdios da ocupação castelhana no Paraguai, indicado por Don Hernando
Arios de Saavedra (governante de 1592-1594), observou-se a utilização da erva mate pelos  
indígenas.
     Os primeiros jesuítas estabelecidos no Paraguai (posteriormente nas missões), fundaram
várias feitorias, nas quais o uso das folhas de erva mate já era difundido entre os índios  
guaranis, habitantes da região.
     Posteriormente observou-se que os indígenas brasileiros, que habitavam as margens do
rio Paraná, utilizavam-se igualmente desta Aquifoliácea. Outras tribos não localizadas em r
egiões de ocorrência natural da essência, possuíam o hábito de consumi-la, obtendo-a através
de permuta.
     Estas tribos localizadas no Peru, Chile e Bolívia, transportavam o produto por milhares de
quilômetros.
     Orientados pelos jesuítas, instalados na Companhia de Jesus do Paraguai (denominação
dada no século XVII aos territórios das províncias do Paraguai, Buenos Aires e Tucuman), os
   indígenas iniciaram as plantações de erva mate.
     Concomitante a implantação de ervais, os jesuítas aprofundaram-se no estudo do sistema
 vegetativo da planta, visto que as sementes caídas das erveiras não germinavam naturalmente.
   Os jesuítas definiram preceitos sobre época de colheita de sementes, do preparo e cultivo da
 erva mate.
     Por mais de século e meio (1610-1768), quando se deu a saída forçada da Companhia
de Jesus, os jesuítas exploraram o comércio e a exportação do mate. O Padre Nicolós Durain
 observou que os índios tomavam o mate em água quente, não podendo passar sem ele
 no trabalho, muitas vezes, pois era o único sustento.
     As bandeiras paulistas que de 1628 a 1632 percorreram as regiões de Guaíra
regressaram trazendo índios guaranis prisioneiros, e com eles o hábito da bebida.
Origem do nome Mate
     O espanhol preferiu usar a voz "mate", da língua quíchua, e que se ajusta melhor à
modalidade grave do idioma. A palavra quíchua "mati" era a designação da cuia. Substituiu
 a palavra guarany, caiguá, nome composto das vozes caá (erva), i (água) e guá (recipiente).
O significado é o seguinte: recipiente para a água da erva.
Nomes Populares
     A erva mate é conhecida popularmente também como mate, chá-mate, chá-do-paraguai,
 chá-dos-jesuítas, chá-das-missões, mate-do-paraguai, chá-argentino, chá-do-brasil, congonha,
congonha-das-missões, congonheira, erva, mate-legítimo, mate-verdadeiro.
     Outras denominações populares de menor disseminação incluem: erva-de-são bartolomeu,
orelha-de-burro, chá-do-paraná, congonha-de-mato-grosso, congonha-genuína,  
congonha-mansa, congonha-verdadeira, erva-senhorita.
     As denominações indígenas para a erva-mate são caá, caá-caati, caá-emi, caá-ete,
 caá-meriduvi e caá-ti.

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